domingo, 17 de abril de 2011

Rio 3D


Ontem fui assistir Rio 3D. As primeiras cenas me encantaram! Araras, pássaros, garças, voando e formando lindas cenas pelas nossas matas (raras, mas lindas). Ao longo do filme comecei a me decepcionar. Não sei se criei uma expectativa muito grande com relação ao filme. Logo no início, vemos um biólogo especialista em aves, brasileiro. Parece ser inteligente, mas meio tapado. Já nas cenas de contrabando de pássaros, vemos um bandido esperto com seus comparsas "tapados". Mais a frente, percebemos a malandragem dos pássaros "vividos" digamos assim, aqueles que tentam ajudar as duas araras azuis no desenrolar da trama. Destaco ainda que quase 50% das cenas mostram favelas. Não que devemos escondê-las, mas não acho que termos falevas seja motivo de orgulho para o Rio.

Outra cena que achei completamente descenessária, foram os macaquinhos roubando turistas no Corcovado. Ficaria até "engraçadinho" se roubassem só comida, mas roubar relógios, anéis, dinheiro, achei um pouco demais. Fora a analogia que se forma ao comprararmos inevitavelmente aos meninos negros de rua que assaltam no Rio. Ainda senti falta do sotaque carioca nas falas.

Não poderia deixar de citar também o vôo de asa-delta. Como pode uma pessoa saltar da Pedra Bonita (São Conrado), e em segundos já estar sobrevoando o Corcovado (Laranjeiras)? E logo em seguida, pousar em Copacabana? Todo carioca sabe que são bairros distantes, e mesmo sendo possível este vôo, em condições perfeitas de tempo, seria uma viagem mais longa. O mais incrível é que esta cena foi aprovada por um diretor brasileiro.

Em síntese, o que de bom mostra-se do Rio para quem quer visitá-la, tirando as belas imagens naturais? Será que todo brasileiro tem que ser necessariamente malandro, idiota ou bandido? Sinceramente, se eu morasse lá fora, não teria a menor vontade de vir aqui vendo estas cenas. Entendo que trata-se de um filme, mas ao mesmo tempo, é a vitrine do Rio de Janeiro para o mundo. E este não é um filme para crianças. É um filme para turista ver. Seria esta a imagem que queremos passar para todos? Sei que o filme envolve, embora a história seja fraca, mas estes pontos que foram citados não deixam uma boa impressão na terra do cariocas. Arrisco-me ainda dizendo que sobram elogios para o filme somente porque o diretor é brasileiro (Carlos Saldanha). Imaginem este turbilhão de críticas implícitas vindo de um americano ou um estrangeiro qualquer? Será que realmente este seria tão elogiado como está sendo? Será que o governo do estado do Rio viria com tão bons olhos? Sinceramente acredito que não. Enfim, neste momento é bom ser criança, porque ela se diverte vendo as belas cenas, ri, chora, se emociona, mas não percebe os pontos negativos que denigrem a imagem no Rio.

3 comentários:

Felipe Lima disse...

Escrevi uma porrada de coisa e apagou, vamos lá outra vez: achei totalmente desnecessária mesmo a cena dos macaquinhos roubando os turistas e tinham erros de local e proporção, como vistas de Santa Teresa e horas que o Pão de Açúcar parecei ser o Everest, mas encaro isso tudo como licença poética. Não tem como negar que o filme é muito bem feito e visualmente lindo. Mas realmente como janela do Rio mostra apenas o que não deveria. Vale também lembrar: como uma escola de samba do grupo especial coloca um carro de gosto mega duvidoso na Avenida no dia do desfile? acho que faltou um pouquinho de vontade de fazer com que a história se encaixasse mais com a realidade, é mais fácil acreditar que a história do Tarzan é possível ser real do que a história do Rio, mas enfim... Fico feliz que uma pessoa "leiga" tenha a mesma opnião que eu, assim posso ignorar as criticas que EU recebi, por falar mal do filme e ser acusado de arquiteto e perfeccionista...

Felipe Lima disse...

Terceira vez que eu escrevo este cometário, mas achei realmente desnecessário a cena dos miquinhos e tem erros enormes de proporção como tem hora que o Pão de Açúcar parece o Everest, mas não tem como negar que visualmente o filme é muito bonito... Encarei estas "falhas" como licença poética... Como cartão de visitas do Rio serve como propaganda negativa, como pode uma escola do grupo especial colocar um carro de gosto ultra duvidoso na Avenida na hora do desfile? Tão achando que carnaval é bagunça? Fico feliz que mais alguém pense igual a mim, pois quando falei mal do filme recebi criticas por ser "arquiteto perfeccionista"...

Cris disse...

Lippe!
Concordo total com você! Embora não tenha mencionado o fato do carro alegórico, complemento ainda dizendo que foi totalmente inexplicável a camuflagem do contrabando no meio do desfile. Há ruas suficientemente escondidas no Rio que facilitariam aquela fuga ate o aeroporto clandestino sem passar por policiamento. Mas aquilo foi um pretexto para mostrar o Carnaval, confirmando minha opinião de que este é um filme para turista ver...não é mesmo?
Mas enfim, isso aqui é BRASIL.